Benchmarking
As edificações podem dar uma importante contribuição em relação ao uso racional de energia, pois elas são responsáveis por uma parcela significativa do consumo de energia elétrica no Brasil e no mundo. Em países cujas regulamentações de eficiência energética já se mostram consolidadas ou em fase de consolidação, um importante parâmetro a ser considerado é o consumo relativo de energia elétrica de acordo com as tipologias das edificações.
No ambiente construído, o benchmarking é frequentemente usado como parte de uma prática de gestão de energia em edifícios existentes para avaliar e melhorar sua eficiência energética, pois mede o desempenho energético em relação à mesma tipologia, ajudando assim a aumentar a conscientização e identificar oportunidades de economia de energia e planos de ação de gerenciamento de energia. Os limites abrangidos por esta plataforma focam no consumo energético de edificações de uso de escritório na cidade de Belo Horizonte (MG).

A partir de uma base de dados levantados, consegue-se estimar o consumo energético previsto para a edificação que está sendo concebida, auxiliando assim os projetistas a se orientarem quanto à tomada de decisões que impactem diretamente no consumo energético futuro desta. A plataforma também permite que usuários avaliem os dados de consumo de energia elétrica de edificações já construídas, de modo a se obter uma comparação em relação a edificações similares, contribuindo assim para que consumos atípicos sejam detectados com maior assertividade.

Para entender a importância que as características de projeto têm no consumo de energia, é relevante a determinação de quais variáveis possuem maior influência no desempenho relativo ao consumo de energia. Com isso, foi feita uma análise de sensibilidade das variáveis de uma edificação na qual foram analisadas as seguintes variáveis: condicionamento de ar, WWR, volume, fator solar dos vidros, área de cobertura, absortância solar das paredes, proteção solar, área das fachadas, área de projeção da cobertura, fator de forma e fator de altura. Durante o desenvolvimento da equação de cálculo, foram detectadas quais variáveis influenciaram relevantemente no consumo de energia das torres analisadas, sendo estas, portanto, solicitadas na plataforma.
Tutorial de uso
Trabalhos desenvolvidos
Segundo Borgstein, Lamberts & Hensen (2016)¹, o processo de benchmarking envolve 3 etapas: I. identificar a linha de base mais adequada; II. Calcular o desempenho energético do edifício de acordo com os parâmetros estabelecidos; III. Compar o desempenho do edifício com os níveis de referência e assim classificando o nível de desempenho.
No Brasil, uma das primeiras iniciativas de benchmarking foi desenvolvida por Silva (2013)², avaliando as áreas comuns de edifícios comerciais de alto padrão na região metropolitana de São Paulo. Em seguida vieram os estudos sobre agências bancárias³, 4, sedes corporativas, prédios públicos, 5, torres de prédios comerciais6, escolas públicas 7,8, hotéis, shopping centers, supermercados, comércio, restaurantes, escolas, hospital, data center 9. Esses estudos foram as primeiras iniciativas no país, iniciados há menos de 10 anos, o que mostra uma grande perspectiva de pesquisa para os próximos anos.
Embora a escala de benefícios dependa fortemente das características climáticas, a estratégia de utilização de ventilação híbrida tem um potencial significativo de economia de energia10 e isso pode ser observado em edifícios projetados em diferentes tipos de clima. Em fevereiro de 2017 foi defendida tese de doutorado que analisou o consumo de torres de escritório em Belo Horizonte categorizados por três tipos distintos de condicionamento: naturalmente ventilado, com modo híbrido de condicionamento e com totalmente condicionado artificialmente11. Ao longo da pesquisa chamou-se atenção para o consumo das torres com condicionamento híbrido, por este ser significativamente menor que o das torres totalmente condicionadas artificialmente (63,1 kWh/m2/ano contra 146,7 kWh/m2/ano em uma amostra de 86 torres).
A escolha da cidade de Belo Horizonte se deve à importância da cidade no contexto nacional, sendo a sexta cidade mais populosa do país localizada em uma zona climática que abriga aproximadamente 64 milhões de pessoas. Além disso, como os pesquisadores são de Belo Horizonte, foi possível reunir os projetos de edificações e os dados de consumo de energia das edificações utilizadas na pesquisa.

Evaluating energy performance in non-domestic biuldings: A review

Borgstein, E. H., Lamberts, R., Hensen, J. L.M. (2016)

Energy and Builgins, 128, 734–755

https://doi.org/10.1016/j.enbuild.2016.07.018.

Benchmarking de consumo energético em edifícios comerciais multiusuários de alto padrão na região metropolitana de São Paulo.

Silva, H. L. N. (2013)

Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do ABC.

Trabalhos desenvolvidos pelo grupo

Implantação dos processos de benchmark de consumo de energia em edifícios não residenciais no Brasil.

VELOSO, A. C. O.; SOUZA, R. V. G.

ARQUITEXTOS (SÃO PAULO), v. 21, p. 250.07, 2021